quarta-feira, 28 de março de 2012

Poemas... A triste partida

A triste partida

Setembro passou, com oitubro e novembro
Já tamo em dezembro.
Meu Deus, que é de nós?
Assim fala o pobre do seco Nordeste,
Com medo da peste,
Da fome feroz.

A treze do mês ele fez a experiença,
Perdeu sua crença
Nas pedra de sá.
Mas nôta experiença com gosto se agarra,
Pensando na barra
Do alegre Natá.

Rompeu-se o Natá, porém barra não veio,
O só, bem vermeio,
Nasceu munto além.
Na copa da mata, buzina a cigarra,
Ninguém vê a barra,
Pois barra não tem.

Sem chuva na terra descamba janêro,
Depois, feverêro,
E o mêrmo verão
Entonce o rocêro, pensando consigo,
Diz: isso é castigo!
Não chove mais não!

Apela pra maço, que é o mês preferido
Do Santo querido,
Senhô São José.
Mas nada de chuva! ta tudo sem jeito,
Lhe foge do peito
O resto da fé.

Agora pensando segui ôtra tria,
Chamando a famia
Começa a dizê:
Eu vendo mau burro, meu jegue e o cavalo,
Nós vamo a São Palo
Vivê ou morrê.

Nòs vamo a São Palo, que a coisa tá feia;
Por terras aleia
Nós vamo vagá.
Se o nosso destino não fô tão mesquinho,
Pro mêrmo cantinho
Nós torna a vortá.

E vende o seu burro, o jumento e o cavalo,
Inté mêrmo o galo
Vendêro também,
Pois logo aparece feliz fazendêro,
Por pôco dinhêro
Lhe compra o que tem.

Em riba do carro se junta a famia;
Chegou o triste dia,
Já vai viajá.
A seca terrive, que tudo devora,
Lhe bota pra fora
Da terra natá.

O carro já corre no topo da serra.
Oiando pra terra,
Seu berço, seu lá,
Aquele nortista, partido de pena,
De longe inda acena:
Adeus, Ceará!

No dia seguinte, já tudo enfadado,
E o carro embalado,
Veloz a corrê,
Tão triste, o coitado, falando saudoso,
Um fio choroso
Escrama, a dizê:

- De pena e sodade, papai, sei que morro!
Meu pobre cachorro,
Quem dá de comê?
Já ôto pergunta: - Mãezinha, e meu gato?
Com fome, sem trato,
Mimi vai morrê!

E a linda pequena, tremendo de medo:
- Mamãe, meus brinquedo!
Meu pé fulô!
Meu pé de rosêra, coitado, ele seca!
E a minha boneca
Também lá ficou.

E assim vão dexando, com choro e gemido,
Do berço querido
O céu lindo e azu.
Os pai, pesaroso, nos fio pensando,
E o carro rodando
Na estrada do Su.

Chegaro em São Paulo - sem cobre, quebrado.
O pobre, acanhado,
Percura um patrão.
Só vê cara estranha, da mais feia gente,
Tudo é diferante
Do caro torrão.

Trabaia dois ano, três ano e mais ano,
E sempre no prano
De um dia inda vim.
Mas nunca ele pode, só veve devendo,
E assim vai sofrendo
Tormento sem fim.

Se arguma notícia das banda do Norte
Tem ele por sorte
O gosto de uvi,
Lhe bate no peito sodade de móio,
E as água dos óio
Começa a caí.

Do mundo afastado, sofrendo desprezo,
Ali veve preso,
Devendo ao patrão.
O tempo rolando, vai dia vem dia,
E aquela famia
Não vorta mais não!

Distante da terra tão seca mas boa,
Exposto à garoa,
À lama e ao paú,
Faz pena o nortista, tão forte, tão bravo,
Vivê como escravo
Nas terra do su.

terça-feira, 27 de março de 2012

Vídeos do Patativa...

Tudo que está contido nesta página a fonte é o Youtube...
Entrevista e poemas...
Homenagem ao poeta passarinho...
 

                                                      

sexta-feira, 23 de março de 2012

Coloetânea - FB - 2012

* Este blog  participa da Coletânea FB - 2012
   Eu admiro a Coletânea por que ela nos ensina muito. Nós podemos até não conhecer a pessoa que será o assunto dela, mas depois você sabe onde ela nasceu,como ela é/foi, se é poeta, improvisador, cantor... Nós aprendemos como a pessoa viveu, o que ela passou ao longo da vida, fazendo pesquizas, procurando, filosofando, discutindo... Eu sempre aprendo demais com a coletânea, e agradeço!!!
   Obrigada, por todos que a fizeram existir!!!
   Amanda Lílian, aluna FB.
   

quarta-feira, 21 de março de 2012

Alguns trabalhos...


Livros· Inspiração Nordestina - 1956
· Inspiração Nordestina: Cantos do Patativa -1967
· Cante Lá que Eu Canto Cá - 1978
· Ispinho e Fulô - 1988
· Balceiro. Patativa e Outros Poetas de Assaré - 1991
· Cordéis - 1993
· Aqui Tem Coisa - 1994
· Biblioteca de Cordel: Patativa do Assaré - 2000
· Balceiro 2. Patativa e Outros Poetas de Assaré - 2001
· Ao pé da mesa – 2001
Poemas mais populares

· A Triste Partida
· Cante Lá que eu Canto Cá
· Coisas do Rio de Janeiro
· Meu Protesto
· Mote/Glosas
· Peixe
· O Poeta da Roça
· Apelo dum Agricultor
· Se Existe Inferno
· Vaca estrela e Boi Fubá
· Você e Lembra?
· Vou Vorá

                                                                        curtapoesia.blogspot.com
                                                                 

Biografia do poeta passarinho

portaldetonando.com




Nome verdadeiro: Antônio Gonçalves da Silva;
Nome popular: Patativa do Assaré;
Nascimento: 5 de março de 1909;
Falecimento: 8 de julho de 2002;
Cidade de Origem: Assaré;
Estado: Ceará;
País: Brasil;
Era: Cantor, compositor, poeta e até improvisador.





Patativa era filho de uma família pobre que vivia da agricultura. Tinha somente 8 anos quando seu pai morreu, desde então começou a ajudar sua família no cultivo das terras. Aos 12 foi alfabetizado e começou a fazer repentes e a se apresentar em ocasiões importantes e festas. Com 20 recebeu o pseudônimo de Patativa, por ser sua poesia comparável à beleza do canto desse pássaro.
 Quer saber mais sobre o Patativa? Click aqui: http://pt.wikipedia.org/wiki/Patativa_do_Assar%C3%A9
Repente: é uma tradição folclórica que mescla a poesia e a música na qual predomina o improviso ,a criação de versos "de repente".


jornaldepoesia.jor.br
onordeste.com

politicasculturaisnarede.blogspot.com

professorfreireneto.blogspot.com